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03 julho, 2010

A revanche

Por Wagner Cordeiro Chagas

          Mato Grosso do Sul experimentará nos próximos meses uma campanha eleitoral sem precedentes. É inédito o fato de dois grandes adversários políticos se enfrentarem nas urnas neste ano na disputa pelo cargo de governador do Estado.
          De um lado da arena eleitoral, encontra-se o candidato José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, que concorre pela terceira vez à função de chefe do executivo estadual. Bancário aposentado pelo Banco do Brasil, Zeca nasceu a 24 de fevereiro de 1950, no município de Porto Murtinho-MS. Sua biografia política compõe-se de diversos mandatos, sendo o primeiro o de presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande. No início dos anos de 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores no Estado. Em 1990, elegeu-se deputado estadual, figurando como o primeiro parlamentar petista na Assembleia Legislativa sul-mato-grossense. Nas eleições municipais de 1992, pleiteou a prefeitura da capital, onde se posicionou em terceiro lugar, atrás de Marilú Guimarães (PFL) e Juvêncio da Fonseca (PMDB), o vitorioso daquela disputa. Dois anos depois, o Partido dos Trabalhadores conquistou três cadeiras no parlamento com as eleições de Eurídio Ben-Hur Ferreira, Anilson Rodrigues e a reeleição de José Orcírio.
          Em 1998, o PT lançou Zeca como candidato ao governo do Estado. No início da campanha, tal candidatura não passava do terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos. Tinha a sua frente, Ricardo Bacha (PSDB), apoiado pelo então governador Wilson Barbosa Martins (PMDB) e o ex-governador Pedro Pedrossian (PTB).
          Realizado o primeiro turno daquela eleição, os números colocaram Bacha como primeiro classificado e Zeca em segundo lugar, deixando para trás o experiente administrador Pedrossian. No segundo turno, com apoio maciço de diferentes categorias da sociedade sul-mato-grossense e de políticos influentes, como o próprio Pedrossian, os eleitores escolheram o candidato petista para governador, com mais de 500 mil votos. Reelegeu-se em 2002, ao vencer a então deputada federal tucana Marisa Serrano. No dia 1º de janeiro de 2007, encerrou seus oito anos de administração ao transmitir o cargo a André Puccinelli (PMDB).
          No outro lado do embate eleitoral deste ano, encontra-se o atual governador André Puccinelli que concorre à reeleição. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), André (seu nome de batismo na verdade é Andrea Puccinelli) nasceu na cidade italiana de Viaregio, no dia 2 de julho de 1948. Após seu nascimento, seus pais vieram para o Brasil, fixando-se primeiramente em Porto Alegre-RS e depois em Curitiba-PR. Iniciou sua carreira profissional e política no município de Fátima do Sul-MS, onde ajudou a fundar o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), pelo qual disputou, sem êxito, a prefeitura nas eleições de 1982. Um ano depois mudou-se para Campo Grande. Atuou como secretário de Estado de Saúde na primeira gestão de Wilson Barbosa Martins (PMDB) (1983-1986). Em 1986, elegeu-se deputado estadual e reelegeu-se em 1990. Nas eleições de 1994, despontou-se como o mais votado entre os concorrentes a vaga de deputado federal. Elegeu-se prefeito de Campo Grande em 1996, sendo reeleito em 2000. No primeiro semestre de 2002, era tido como candidatíssimo a governador, numa disputa que prometia ser quente, pois estaria concorrendo com o então governador Zeca. Contudo, por motivos pessoais, Puccinelli optou por encerrar seu mandato de prefeito e adiar a disputa pelo governo para 2006, quando foi eleito logo no primeiro turno.
          Apresentado essa breve biografia dos candidatos, tratamos agora da revanche que se encontra descrita no título do artigo. Esta refere-se ao polêmico pleito de 1996 na capital do Estado, quando estava em jogo a sucessão do prefeito Juvêncio. Concorreram naquelas eleições os seguintes nomes: o deputado federal André (PMDB), Carlos Leite (PV), o senador Levy Dias (PPB), o deputado federal Nelson Trad (PTB) e o deputado estadual Zeca (PT). Conforme a historiadora Marisa Bittar (1997), esta eleição teve um significado muito importante, pois pela primeira vez uma candidatura oposicionista ameaçou substituir o PMDB, que havia 10 anos governava Campo Grande.
          Realizado o primeiro turno, o candidato Zeca do PT saiu na frente com 101.657 votos contra 81.217 votos dados a Puccinelli. Contudo, a surpresa veio no segundo turno. Zeca alcançou 130.713 votos e André, 131.124. A diferença da derrota petista foi de apenas 411 votos. Foi a eleição mais acirrada e polêmica da história campograndense. O PT chegou a recorrer na justiça eleitoral, entretanto não obteve resultado satisfatório.
          Encerradas as convenções partidárias neste ano, está tudo definido para um novo sufrágio democrática em Mato Grosso do Sul. O atual governador vem com um arco de aliança que abarca 14 partidos: PMDB, PSDB, DEM, PR, PTB, PTC, PTN, PSC, PMN, PSB, PT do B, PRTB, PPS e PHS, e tem como candidata a vice, a ex-prefeita de Três Lagoas, Simone Tebet (PMDB) e dois candidatos ao Senado Federal, Waldemir Moka (PMDB) e Murilo Zauith (DEM).
          Zeca, por sua vez, tem como partidos coligados: PT, PDT, PV, PC do B, PSDC, PRP, PP e PSL. Também escolheu uma mulher como vice, a advogada douradense e professora universitária Tatiana Ujacow (PV), e a senadores Delcídio do Amaral (PT) e Dagoberto Nogueira (PDT).
          Além destas duas candidaturas, é importante lembrar, em respeito à opção de escolha dos eleitores, que foi registrada uma terceira candidatura, a do comerciante Ney Braga (PSOL).
          As eleições 2010 no Estado prometem ser disputadíssimas, pois os principais rivais são nomes de peso na atual conjuntura política estadual e contam com importantes aliados. Espera-se que tais candidatos proporcionem ao eleitorado, não uma mera disputa pessoal, mas sim um verdadeiro embate de discussão de projetos e modelos de gestão. Que façam um jogo limpo, com uso das idéias e não do abuso do poder econômico e da máquina pública. Que apresentem propostas viáveis para tornar Mato Grosso do Sul uma Unidade da Federação cada vez mais justa, democrática e humana para seus filhos e filhas. PARABÉNS DEMOCRACIA. PARABÉNS POVO SUL-MATO-GROSSENSE.

18 maio, 2010

Marina com fé


Por Atenéia Feijó


           Podem anotar. Marina Silva vai surpreender. Com 51 quilos e 52 anos, ela não é nem de longe a figura frágil que aparenta ser. Para começar, sua biografia é um testemunho de superação. Sua decantada fé? Ora, a ciência anda buscando o significado desse valioso sentimento. Que, segundo pesquisadores, trata-se de um combustível poderoso que impulsiona as pessoas para uma vida melhor.
           "Mas tem a ver com religiosidade!", dizem. Qual o problema? "Ela (Marina) é conservadora!", gritam. Por acaso Lula não é conservador, principalmente em matéria de religiosidade? E Dilma, será que é ateia? E Serra o que é? Católico ou do candomblé? Ah, a petista e o tucano também podem ser islamitas, kardecistas... Ou agnósticos. Então, tá. Cada pré-candidato com sua religião, seu Deus ou sem ele.
           Longe de ser uma fundamentalista ou intolerante, Marina é, sim, uma mulher de fé. E parece-me que esta fé tem a ver com sua energia extraordinária na busca de um aprendizado constante. Que não desperdiça nem desdenha de lições do passado. Até porque ela é formada em História. Mas há quem não consiga ou se recuse, por preconceito, a acompanhar suas idéias avançadas.
           Há pessoas que nem se dão ao trabalho de perguntar: o que é essa tal sustentabilidade? No seu discurso durante a convenção do Partido Verde, no domingo, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o empresário Guilherme Leal (dono da Natura), lançado pré-candidato a vice-presidente da pré-candidata Marina, tinha uma resposta na ponta da língua: "Não se conhece lucro sustentável num modelo econômico predatório." Seja qual for. As crises mundiais comprovam.
           O que não quer dizer que sustentabilidade tenha a ver apenas com economia. Tem também com políticas sociais, ambientais, de segurança pública, de cultura. E ética. Como se materializa isso? Vencendo desafios. Uma das bandeiras preferidas da pré-candidata verde: a igualdade de oportunidades para todas as pessoas desenvolverem suas potencialidades. Ela crê no ser humano como um sujeito desejoso de fazer suas próprias escolhas; no momento certo.
           Talvez por isso transmita confiança. Que se saiba, não foi pega em mentira. Marina diz muitas coisas boas de se ouvir. Por exemplo, a de que não se faz política por negação. Não tem medo de apontar os acertos dos outros, argumentar e explicar porque os defende. Citando, por coerência, acertos de Fernando Henrique e Lula. Totalmente à vontade.
           Em resumo, seu projeto de governo não é de poder pelo poder. Afinal, os governantes são eleitos e pagos para servir ao país. Na proposta de Marina não cabe um líder que queira impor um destino ao povo. Ou se achar o máximo. "Temos que aprender e nos dispor a coautorias, em vez da exclusividade do feito. Essa é a liderança do século XXI."
           Ela entende que na pós-modernidade em que vivemos é preciso cada vez mais criatividade. Principalmente na educação. De que forma? Manejando o conhecimento; sem encastelá-lo ou petrificá-lo. Porque tudo neste planeta tem a ver com tudo. Olha a crise econômica europeia mostrando a necessidade de uma política social de terceira geração.
           E aqui? Marina deu seu recado de esperança. Com emoção: "Um Brasil mais justo, mais harmônico e sustentável é possível." Haja fé.

24 abril, 2010

A saída de Ciro e o retrocesso democrático

Da senadora Marina Silva (PV-AC), candidata à sucessão de Lula, em seu site.

          Qual o sentido político da democracia? É a liberdade de escolha bem informada. Numa eleição em dois turnos, como a presidencial, o primeiro foi concebido para oferecer ao eleitor um leque de alternativas políticas. A partir da diversidade de idéias e do debate entre elas, compete ao cidadão escolher as que entende serem as melhores para si e para o país.
          É particularmente perverso que esse processo, que está no cerne da democracia, seja instrumentalizado para impedir abalos na manutenção de projetos de poder. Não é admissível que se queira manipular o direito de escolha por meio da redução forçada do leque de opções.
          Assistimos agora, com o veto à candidatura de Ciro Gomes, uma expressão exemplar desse tipo de intolerância democrática. É fácil prever que os mesmos grupos que trabalharam para tirar Ciro da disputa presidencial tentarão agora assimilá-lo.
          Os que costumam agir dessa maneira são aqueles que têm dificuldade em transformar a visão democrática em ação e não admitem a alternância de poder. Primeiro, buscam eliminar os adversários que querem disputar legitimamente a preferência dos eleitores. Depois, tentam se colocar como o único hospedeiro possível para que os expurgados consigam sobreviver na vida pública.
          Aquele que foi empurrado para fora do processo passa então a ser apontado como bom companheiro, patriota, desde que aceite ser assimilado por aqueles que articularam o seu expurgo.
Perde o país, perde a democracia.

18 abril, 2010

O segredo dos seus olhos

Assisti ontem, no cinema Unibanco Arteplex, ao filme argentino vencedor do oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, "O segredo dos seus olhos". Um filme completo, com excelentes diálogos, sensível e profundo. Marcaram-me muito as diversas mensagens que por ele foram passadas, principalmente quando diz que o maior sofrimento na vida de um homem seria o vazio, ou a sensação de. Refleti muito sobre isso, sobre como ser útil e importante no sentido de servir para algo, e de tornar importante e valorosa o que pode ser somente uma passagem (vida).
O filme também trata do tempo e de como não existe exatamente uma hora certa pra tudo, mas as situações mudam e muitas vezes pode ser tarde para lutar por aquilo que queremos (neste caso, um grande amor).
Tenho tido predileção por filmes assim, com orçamento enxuto e que abusam dos bons diálogos dum pequeno, porém rico elenco (no sentido de serem personagens fortes) que sabe mostrar a que veio. Parabéns à Argentina por este Oscar, e que venha o alemão "Fita Branca", para que assim eu possa opinar ainda esta semana sobre qual filme gostei mais.

09 março, 2010

Para onde vamos?

    As eleições para cargos nos poderes executivo e legislativo do ano de 2010 aproximam-se e, em função disto, lanço a seguinte pergunta à população nortista sul-matogrossense e a seus líderes: para onde vamos? Até quando as ambições individuais de nossos líderes transporão as necessidades coletivas? A finalidade desta pergunta, na verdade, vem de outra pergunta: quais são os candidatos à Câmara dos Deputados da histórica região do Alto Taquari? Esta pergunta, infelizmente, encontra como resposta um silêncio velado em forma de vácuo.
    Há exatos 22 anos não elegemos um representante "nosso" para o Congresso Nacional!. Quando falo nosso, refiro-me a um indivíduo com raízes fincadas, ligado à região, com domicílio eleitoral, residência e família fixada neste local. O que temos hoje são em sua grande maioria usurpadores, indivíduos que se aproveitam da nossa região e nos seduzem com falsas ilusões para amealhar elegibilidade em forma de votos, os quais  não parecem ser suficientes em suas terras de origem. 
   Analisemos bem... a microrregião do Alto Taquari é composta por 8 municípios (Alcinópolis, Camapuã, Coxim, Figueirão, Pedro Gomes, Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste e Sonora), totalizando aproximados 85 mil eleitores em uma população de 117 mil habitantes. Desde a criação do estado, em 77, realizaram-se 7 eleições para deputado federal em MS, sendo que só na primeira delas tivemos um representante (João Leite Schimidt, em 78, pela ARENA, foi eleito com 33.944 votos). Um verdadeiro absurdo, ainda mais se colocarmos em conta que nas outras não houveram sequer candidaturas lançadas, exceto por algumas minguadas e inexpressivas.
   Somos a região mais isolada do estado, apesar do nosso processo de povoamento ser um dos mais antigos, em função de estarmos na rota dos bandeirantes que buscavam as minas de ouro de Cuiabá. Temos as maiores carências estaduais no que tange à mão-de-obra qualificada, economia diversificada, exploração de potencialidades, logística, infra-estrutura, capacidade de investimento do setor público - poder municipal, etc.; por muitos anos estamos de certa forma relegados ao esquecimento, porém somos muito bem lembrados na hora da cobrança dos impostos e das eleições. Nossa participação no governo e na assembléia estadual são ínfimos; é fato que somos minoria, mas nossa constituição ampara e dá voz a todas as minorias, e somadas estas minorias de todos estes municípios, formamos uma região com um peso importantíssimo para o estado.
    Acredito sinceramente que os maiores culpados pela nossa estagnação política e econômica são a nossa pouca consciência na escolha do voto, a falta de união da nossa gente e o escasso senso de coletividade do qual carecem nossos representantes; precisamos de líderes que compartilhem dos mesmos anseios e angústias pelos quais padecemos!
    Felizmente, nas últimas eleições, conseguimos com muita competência transgredir este marasmo elegendo Oswaldo Mochi Junior (PMDB) nosso representante na Assembléia Estadual, o que facilitou de certa forma a tramitação de discussões dos nossos problemas naquela casa. É necessário salutar que Mochi dispõe de grande influência junto ao governador, despachando muitas vezes de seu gabinete, como é costume dizer; é um competente parlamentar, excelente orador e organizado em suas estratégias, portanto, pode trazer algumas benesses à região, principalmente quando trata-se de uma maior agilidade advindas da desburocratização de empenhos e ganho em influências.
    O que eu não entendo é porquê ora bolas o PSB almeja lançar seu maior rival, Moacir Kohl, à Assembléia. É uma atitude que eu interpreto como ilógica e imatura, fruto de uma disputa irracional que os dois vêm travando no poder desde que romperam. Este cisma não faz bem à região, e é necessário que advertamos nossos líderes para que eles pensem num projeto maior para o nosso povo, e deixem de lado este litígio incoerente em pról de uma causa maior. Seria interessante termos dois representantes numa casa de leis estadual, porém seria fantástico que tivéssemos um representante na casa de leis federal, e outro na estadual e tanto o nome de Moacir, quanto o de Junior, mostraram-se de certa forma aptos, por suas boas  biografias, a pleitearem quaisquer destas vagas.
    Einstein já dizia que "o único homem que está isento de erros, é aquele que arrisca acertar". Clamemos por líderes que arrisquem a ir longe, para que descubram quão longe pode-se ir.
 
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