29 setembro, 2009

Sr. Brasil



"Minha terra é uma grande pessoa
Meu país é a criança pura, boa, inocente
É também o sofrido adolescente
Ou então o jovem combativo e sonhador

E agora, em tempo novo, redivivo
Este meu país se prepara em tom definitivo
Para ser tratado de senhor
Senhor BRASIL"
Rolando Boldrin

28 setembro, 2009

André Puccinelli e seu temperamento



Já há algum tempo o temperamento do governador André Puccinelli (PMDB-MS) vem chamando a atenção pela ímpar explosividade e pelos constrangimentos causados àqueles que por ele são representados. O exercício de um cargo público requer o discernimento-mor do representante para o fato de que este simboliza toda uma gente, e quaisquer gestos estarão diretamente associados a estes representados.
Recordo-me principalmente de três gestos, um como prefeito e dois como governador. (1) Dr. André agrediu fisicamente um manifestante durante um ato público na periferia de Campo Grande, ao ser ofendido e contrariado; (2) série de agressões verbais aos adversários matogrossenses e cuiabanos durante a disputa entre as duas capitais para sediarem a Copa do Mundo; (3) agressão verbal ao ministro Carlos Minc, chamando-o de viado e maconheiro e ameaçando-o de estupro em praça pública caso ele fosse a Campo Grande.
O governador precisa ter auto-controle, ser mais racional e medir melhor suas atitudes e palavras. Seus gestos são incabíveis e incompatíveis para com o tratamento digno e o respeito que devemos ter com o próximo. Governador, não são em xingamentos e ofensas que deve-se iniciar um debate e revidar uma discussão, mas sim no explanamento de idéias, mostrando que a que tens é viável, coerente e compatível com determinada situação.
É lamentável que um governador tão vigoroso, competente no exercício de sua administração e dedicado à reestruturação econômica de MS (após o caos deixado por José Orcírio) deixe-se levar por seus destemperos. Por isso, meu governador, te peço: vá pescar em Coxim quando se sentir enraivecido... ali o senhor pode buscar inspirações inimagináveis para replicar seus adversários.

27 setembro, 2009

Lei do Ventre Livre - 138 anos



"Reconstruir o Brasil sobre o trabalho livre e a união das raças na liberdade."
Joaquim Nabuco

24 setembro, 2009

Inauguração do Hospital Regional Álvaro Fontoura prevista para 05 de novembro


Após muitos adiamentos, parece que agora é em definitivo. Foi previsto pela secretaria estadual de Saúde e pela fundação recém-criada para gerir o hospital, que este será inaugurado no dia 05 de novembro de 2009, atendendo a um antigo sonho da população da região norte de MS.

O hospital terá 90 leitos, 4 salas de cirurgia e 10 UTI's, com capacidade para atender cerca de 500 pessoas por dia, em casos de pequena e média complexidades . No entanto, no início de suas operações, funcionará apenas com metade de sua capacidade instalada (serão disponibilizados 45 leitos e 3 salas de cirurgia). Ainda não se sabe claramente o que será feito da Santa Casa de Coxim, nem de seus funcionários, mas torçamos para que a estrutura deixada não fique inutilizada, mas seja transformada em maternidade ou tenha alguma outra utilidade.

Já com relação aos funcionários, esperamos que todos eles sejam realocados, capacitados (se for o caso) e que mais sejam contratados para que a população tenha uma melhor qualidade nos serviços. A Santa Casa deixa uma série de dívidas, e dentre elas algumas muito intrigantes, como é o caso do recolhimento do INSS na fonte e o não repasse à Previdência (isso ocorre há cerca de uma década!). Essas perguntas precisam ser respondidas, pois é certo que este dinheiro vai pra algum lugar. Para ser bem sincero, acho até que a entidade mantenedora (Lions Club) mereça passar por uma auditoria para que estas irregularidades sejam averigüadas.

Quanto ao tratamento que o Estado e o município têm dado aos médicos de Coxim, é necessário que uma séria de ressalvas sejam feitas, para que assim se construa uma nova história entre ambas as partes. O salário dos doutores é atrasado todo o mês, e além disso é mal-pago. Há uma fuga de médicos de Coxim e só aqueles muito persistentes e antigos permanecem; basta observar, por exemplo, o declínio no número de médicos no quadro de plantonistas. Instalou-se um ciclo vicioso prejudicial à categoria, à população e aos responsáveis pela gestão. A categoria não tem seu trabalho reconhecido/valorizado, a população não é bem atendida e o caos na saúde da cidade é creditado aos gestores.

A classe médica precisa ser mais unida, para cobrar e reinvidicar... em Coxim e região não temos sequer um conselho que a represente. Tem de se bater o pé para as condições de trabalho, sobrecarga de serviços e desgastante desvalorização da classe perante à sociedade. A classe, por sua vez, precisa evoluir, ir além, em busca da informação e do conhecimento, indo de encontro ao que acontece na Medicina ao redor do mundo. Assim é que se vive um mundo globalizado, seja no Rio de Janeiro, Chicago ou Coxim. Cada região tem suas peculiaridades e problemas, e é fato que todos nós devemos conhecê-los para que assim possamos aproveitá-los e combatê-los, se for o caso.

A sociedade, por sua vez, precisa abandonar de vez o conformismo e a alienação. A classe média do Brasil, por exemplo, prefere pagar um plano de saúde do que reinvidicar uma saúde pública de melhor qualidade. Já a classe alta ignora os problemas, sendo que classe baixa, coitada, sofre por completo, porém sem reclamar. Pagamos impostos, poxa... a carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo (cerca de 35%), coisa de país rico europeu, mas sem seus benefícios. Existe o dinheiro, ele está ali, mas é mal distribuído e mal administrado.

O problema da distribuição no Brasil é uma metáfora: o dinheiro sai do governo federal e passa por uma série de canos enferrujados... a esses canos chamamos de CORRUPÇÃO. Sobre isto, falamos uma outra hora.

Em síntese, o que quero deixar claro é que somente com idéias, discussões, incentivos e reformas é que se constrói uma sociedade mais justa à vontade de todos. Avante, Coxim!

22 setembro, 2009

A necessidade da restauração da democracia em Honduras


Desenrola-se já há alguns meses uma grave crise política em Honduras, que incrivelmente hoje culminou com o retorno do presidente deposto Manuel Zelaya à Tegucigalpa através de um abrigo concedido pela embaixada brasileira no país.

Zelaya foi preso e exilado há 3 meses, justamente no dia em que seria realizada uma consulta popular à população sobre a necessidade da convocação da assembléia nacional afim de votar uma nova constituição política. Para que se realize uma consulta deste tipo, é necessária a aprovação do Congresso Nacional e da Suprema Corte e estas não concederam a autorização alegando uma subversão da ordem constitucional vigente; mesmo desautorizado, Zelaya manteve a consulta e demitiu o chefe do Estado Maior. Este não acatou a demissão e formou um grupo de apoio sustentado pelos demais comandantes, Congresso e Judiciário. Zelaya foi preso e posto num avião com destino à Costa Rica, além de ser acusado de trair a Pátria.

É necessário salutar que o país está rachado e sua democracia encontra-se seriamente comprometida. Ambas as partes se cobriram de anti-democracia e o país com maior influência sobre Honduras (EUA) não investiu diplomaticamente para que eleições fossem convocadas. Depende do governo "golpista" uma abertura de diálogo com Zelaya e cabe ao povo a escolha de seu representante, portanto instalou-se uma oportunidade única, com o retorno de Zelaya, para que a democracia seja restaurada através da legitimidade de uma eleição... pelo povo, para o povo.

"Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos".
Winston Churchill
Foto: CEBRAPAZ

20 setembro, 2009

Festival do Rio 2009


A edição 2009 do maior festival de cinema da América Latina começa agora dia 24 de setembro e vai até 8 de outubro, com 310 filmes em 25 salas de projeção. O púbico terá à sua disposição mais de 300 longas e curtas metragens, vindos de aproximadamente 60 países, nas mostras Premiere Brasil, Panorama Mundial, Expectativa, Limites e Fronteiras, Mostra Geração, Dox, Midnight Movies,, Mundo Gay e Pocket Films, entre outras. Vale ressaltar que os passaportes disponibilizados para compra pela web já se encontram esgotados, portanto fiquem atentos às emissões futuras (http://twitter.com/festivaldorio09).

Antecipo aqui os longas que pretendo assistir neste ano na mostra Panorama do Cinema Mundial:
- "Bastardos Inglórios" de Quentin Tarantino, com Brad Pitt e Diane Kruger. Sim, o Tarantino vem ao festival!
- "O Desinformante" de Steven Soderbergh, com Matt Damon.
- "Abraços Partidos" de Pedro Almodóvar, com Penélope Cruz.

Quanto aos filmes tupiniquins, ainda não decidi-me.

19 setembro, 2009

O fator Marina da Silva


2010 se aproxima e as lideranças nacionais começam a movimentar suas peças no xadrez da política nacional. O PT tenta alavancar a candidatura de Dilma Rousseff, a toda-poderosa ministra da Casa Civil. Dilma tem como pontos fortes sua forte militância no período ditatorial, sua passagem destacada por méritos técnicos e gerenciais como ministra das Minas e Energias e posteriormente, Casa Civil, e a astronômica popularidade do presidente Lula. Porém, os último escândalo envolvendo diretamente seu nome a uma suposta pressão sobre uma secretária da Receita Federal (Lina Vieira) para que "apressasse" investigações nas empresas do grupo Sarney, fez com que fosse vista com outros olhos perante a opinião pública. O governo tem uma última chance nos próximos meses para melhorar a imagem de sua candidata à sucessão, apagando a imagem de autoritária e trazendo novamente a Dilma eficiente e técnica.

Ainda na situação, tem-se o nome de Ciro Gomes (PSB). Mais conhecido nacionalmente e com um discurso afinado, Gomes tenta mostrar à base aliada que é o nome com mais condições para enfrentar um adversário tucano. Tem como pontos fortes ser nordestino, ter disputado por duas vezes a presidência (3º lugar em 1998 e 4º lugar em 2002), e ser um candidato capaz de convergir simpatizantes tanto da esquerda socialista, quanto da direita conservadora. No entanto, seus pontos mais fracos são suas próprias atitudes, pois demonstra ter uma personalidade agressiva e temperamental, tendo em seu passado atitudes oportunistas e paradoxais, lembrando muito o ex-presidente Fernando Collor. Gomes aposta na não decolagem da candidatura de Dilma, para que assim firme-se como o candidato à sucessão do presidente Lula.

Já a oposição tucana aparece com uma dificuldade de escolha não por não ter um nome certo para apresentar, mas sim por ter dois: José Serra e Aécio Neves. Serra tem uma biografia impecável, foi prefeito e governador de SP, destacado ministro da Saúde de FHC, e dos candidatos é o que apresenta menor índice de rejeição. Conhecido nacionalmente e com forte popularidade no estado mais rico e populoso da nação, Serra tem como fraquezas sua suposta falta de carisma e sua idade (terá 68 anos em 2010). Já o mineiro Aécio Neves vem de uma família tradicional na política e levou às Minas Gerais uma forte administração marcada por um excelente choque de gestão político-administrativa. Enxugou a máquina pública, fomentou o plano de carreiras, fez parcerias público-privadas e teve como resultados uma drástica mudança no governo de Minas Gerais, que hoje é um dos estados exemplares em se tratando de gestão. Além de seu vistoso governo em MG, Aécio tem como pontos fortes a sua capacidade de agregar, seu carisma e sua influência. Já seus pontos fracos vão desde a própria cúpula paulista tucana até seu suposto controle da imprensa mineira, tido como perigoso e opressor por muitos.

Corre paralelo o lançamento pelo PV da dissidente petista Marina Silva, que vem como uma candidata alternativa que busca quebrar a hegemonia tucano-petista dos últimos 16 anos. Marina foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e é senadora pelo Acre. Tem em sua história uma biografia de dificuldades, vitórias e perseverança, com influências de Chico Mendes, dentre outros. Ideologista, traz o desenvolvimento sustentável à tona, chamando a atenção e olhares para um problema pouco discutido nas últimas campanhas presidenciais. A candidata verde vem como uma incógnita, mas certamente "tirará" votos da base aliada e terá como simpatizantes boa parte da esquerda socialista, porém há grande risco de que com Marina se repita o que aconteceu com Cristovam Buarque em 2006 (o candidato veio com um discurso repetitivo e deveras cansativo, chamando a atenção para um grave problema nacional, mas não necessariamente arrematando votos).

Acredito que nesta eleição o fator Marina da Silva é um ponto decisivo e se vir com uma política bem coordenada, podemos ter no Brasil um processo semelhante ao que aconteceu com Barack Obama nos EUA. Esperemos pra ver!

18 setembro, 2009

Bienal do livro: compensa?


Saio do Posto 10 de Ipanema num domingo ensolarado do Rio de Janeiro para visitar a Bienal do Livro no longínquo RioCentro. Trânsito chato, ainda mais pra mim, que compartilho com os cariocas (da Zona Sul) a visão de que o Rio só vai do Leblon até a Lapa.

No caminho, má sinalização, motoristas agressivos e mal-educados, e olha que eu fui de carro! Olhando pela janela, busquei um consolo na constatação de que os transportes de massa estavam lotados tal qual polvos numa caldeira de paella. Pois bem, chegando lá, estacionamos (R$14,00 a bagatela) e tive o desprazer de pagar a inteira (R$12,00) do bilhete por ter esquecido-me de levar a carteira de estudante.

Com o mapa do evento na mão e um céu de livros caindo sobre mim, fui em busca dos meus tesouros preciosos. Record, Cia das Letras, Moderna, Sextante e dezenas de outras editoras se faziam presentes no evento, alocadas em três enormes pavilhões, trazendo lançamentos e clássicos. Na minha lista constavam os livros Outono do Patriarca (Gabriel G. Marquez), Paciente Particular (P. D. James), Manual da Clínica Médica e algum outro fator surpresa a ser escolhido por lá.

Decepcionei-me com os preços, principalmente com os da lindíssima estande da Cia. dos Livros, e vou além, contando-lhes a minha maior frustração... foi feita uma enorme propaganda destacando um desconto a ser dado em cada estande, no valor da entrada ou estacionamento, caso sua compra ultrapasse os R$50,00. Na verdade, descobri que a promoção não era válida para todas as estandes (eles não frisaram isso) e não encontrei uma lista das estandes que aderiam à promoção. Enganosos, não?

Acabei levando dois livros, e nenhum daqueles citados acima: Olhos de Cão Azul (Gabriel G. Marquez) e Doutor Jivago (Boris Pasternak). Quanto à praça da alimentação, era cara e ruim. Demorei horas para escolher qual das opções seria a "menos pior" e fui na corrente da mais disputada, a de pastéis (um pastel encharcado de gordura e com uma massa horrorosa por R$4,50).

Não pude assistir à palestra a qual pretendia (Zuenir Ventura, da periferia para o centro), pois não haviam mais senhas. Talvez esta valesse o desembolso. Cheguei em casa e o relógio já contava além da primeira hora da segunda-feira, e com as minhas reflexões tive a conclusão de que uma ida aos sebos do Rio é bem mais vantajosa do que prestigiar esta Bienal nada inovadora de 2009 no Rio.
 
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