09 março, 2010

A hora é agora (este é o momento do Brasil avançar e buscar um futuro melhor)

 Por Fernando Henrique Cardoso, publicado no Globo do dia 07/03/2010

Hora de avançar a partir do que conseguimos nestes 25 anos de democracia e de buscar um futuro melhor para todos. As bases para o Brasil preservar seus interesses sem temer o mercado internacional estão dadas. Convém mantê-las. Controle da inflação, pelo sistema de metas, câmbio flutuante, Lei de Responsabilidade Fiscal, autonomia das agências regulatórias são pilares que podem se ajustar às conjunturas, mas não devem ser renegados, e não podem estar sujeitos a intervenções político-partidárias e interesses de facção.

Há, contudo, desafios: o novo governo terá de cuidar de controlar os gastos correntes e de conter a deterioração da balança de pagamentos (sem fechar a economia ou inventar mágicas para aumentar artificialmente a competitividade de nossos produtos).

Perdemos tempo com uma discussão bizantina sobre o tamanho do Estado ou sobre a superioridade das empresas estatais em relação às empresas privadas ou vice-versa.

Ninguém propõe um “Estado mínimo”, nem muito menos o PSDB. Outra coisa é inchar o Estado, com nomeações a granel, e utilizar as empresas públicas para servir a interesses privados ou partidários. A verdadeira ameaça ao desenvolvimento sadio não é privatizar mais, tampouco o PSDB defende isto. Empresas estatais se justificam em áreas para as quais haja desinteresse do capital privado ou necessidade de contrapeso público. Não devem acobertar ganhos políticos escusos nem aumentar o controle partidário sobre a economia. Precisam dispor de sistemas de governança claros e transparentes. A ameaça é continuar a escolher, como o governo atual, quais empresas serão apoiadas com dinheiro do contribuinte (sem que este perceba), criando monopólios, ou quase monopólios, que concentrarão mais ainda a renda nacional.

Os avanços sociais obtidos pelos últimos governos se deram nos marcos da Constituição de 1988. Incluem-se aí a “universalização” do acesso aos serviços de saúde (via SUS) e à escola fundamental (via Fundef), a cobertura assistencial a idosos e deficientes (via Loas), bem como o maior acesso à terra (via programa de reforma agrária).

Além disso, a política continuada de aumento real do salário mínimo a partir de 1994, a extensão de programas sociais a camadas excluídas e a difusão de mecanismos de transferência direta de renda (as bolsas) melhoraram as condições de vida e ampliaram o mercado interno. Tudo isso precisa ser mantido. Caberá ao novo governo reduzir os desperdícios e oferecer serviços de melhor qualidade, mais bem avaliados e com menor clientelismo.

Não se pode elidir uma questão difícil: a expansão dos impostos sustentou os programas sociais.

Atingiu-se um limite que, se ultrapassado, prejudicará o crescimento econômico.

É ilusão pensar que um país possa crescer indefinidamente puxado pelo gasto público financiado por uma carga tributária cada vez maior e pelo consumo privado.

Falta investimento, sobretudo em infraestrutura, e falta poupança doméstica, principalmente pública, para financiá-lo.

Maior poupança pública não virá de maior tributação.

Ao contrário, é preciso começar a reduzir a carga tributária, sobretudo os impostos que recaem sobre a folha de pagamentos, para gerar mais empregos. Para investir mais, tributar menos e dispor de melhor oferta de serviços sociais, não há alternativa senão conter o mau crescimento do gasto. Isso permitirá a redução das taxas de juros e o aumento da poupança pública, como condição para aumentar a taxa de investimento na economia. Sem isso, cedo ou tarde, se recolocarão os impasses no balanço de pagamentos, com a deterioração já perceptível das contas em transações correntes, e na dívida pública, que em termos brutos já ultrapassa 70% do PIB.

Nem só de economia e políticas sociais vive uma nação.

Os escândalos de corrupção continuam desde o mensalão do PT. Há responsabilidades pessoais e políticas a serem cobradas e condenadas. Mas há também desvios institucionais: o sistema eleitoral e partidário está visivelmente desmoralizado. Uma reforma nesta área se impõe. Ela se fará mais facilmente no início do próximo governo e se houver um mínimo de convergência entre as grandes correntes políticas. O PSDB deve liderar esse debate na busca de consenso.

O mesmo se diga da segurança pública. Há avanços no plano federal e em vários estados. A expansão da criminalidade advém do crime organizado e do uso das drogas.

O dia a dia das pessoas é de medo. As famílias e as pessoas precisam de nossa coragem para propor modos mais eficientes de enfrentar o tema.

A despeito da melhoria do sistema jurisdicional e prisional, estamos longe de oferecer segurança jurídica às empresas e, o que mais conta, às pessoas.

Olhando o futuro, falta estratégia e sobram dúvidas: o que faremos no campo da energia? Onde foi parar o programa do biodiesel? Que faremos com os êxitos que nossos agricultores e técnicos conseguiram com o etanol? Que políticas adotar para tornálo comercializável globalmente? A discussão sobre as jazidas de petróleo se restringirá à partilha de lucros futuros ou cuidaremos do essencial: a base institucional para lidar com o pré-sal, a busca de tecnologias adequadas e de uma política equilibrada de exploração? E a “revolução educacional”, que, com as honrosas exceções em um ou outro estado, é apenas objeto de reverência, mas não de ação concreta? Finalmente: que papel desempenharemos no mundo, o de uma subpotência bélica ou a de um país portador de uma cultura de convivência entre as diferentes raças e culturas, com tolerância e paz, embora cioso de sua segurança? Tudo isso e muito mais está à espera de um debate político maduro, que à falta de ser conduzido por quem devia fazê-lo, por ter responsabilidades de mando nacional, deve ser feito pela sociedade e pelos partidos.

Para onde vamos?

    As eleições para cargos nos poderes executivo e legislativo do ano de 2010 aproximam-se e, em função disto, lanço a seguinte pergunta à população nortista sul-matogrossense e a seus líderes: para onde vamos? Até quando as ambições individuais de nossos líderes transporão as necessidades coletivas? A finalidade desta pergunta, na verdade, vem de outra pergunta: quais são os candidatos à Câmara dos Deputados da histórica região do Alto Taquari? Esta pergunta, infelizmente, encontra como resposta um silêncio velado em forma de vácuo.
    Há exatos 22 anos não elegemos um representante "nosso" para o Congresso Nacional!. Quando falo nosso, refiro-me a um indivíduo com raízes fincadas, ligado à região, com domicílio eleitoral, residência e família fixada neste local. O que temos hoje são em sua grande maioria usurpadores, indivíduos que se aproveitam da nossa região e nos seduzem com falsas ilusões para amealhar elegibilidade em forma de votos, os quais  não parecem ser suficientes em suas terras de origem. 
   Analisemos bem... a microrregião do Alto Taquari é composta por 8 municípios (Alcinópolis, Camapuã, Coxim, Figueirão, Pedro Gomes, Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste e Sonora), totalizando aproximados 85 mil eleitores em uma população de 117 mil habitantes. Desde a criação do estado, em 77, realizaram-se 7 eleições para deputado federal em MS, sendo que só na primeira delas tivemos um representante (João Leite Schimidt, em 78, pela ARENA, foi eleito com 33.944 votos). Um verdadeiro absurdo, ainda mais se colocarmos em conta que nas outras não houveram sequer candidaturas lançadas, exceto por algumas minguadas e inexpressivas.
   Somos a região mais isolada do estado, apesar do nosso processo de povoamento ser um dos mais antigos, em função de estarmos na rota dos bandeirantes que buscavam as minas de ouro de Cuiabá. Temos as maiores carências estaduais no que tange à mão-de-obra qualificada, economia diversificada, exploração de potencialidades, logística, infra-estrutura, capacidade de investimento do setor público - poder municipal, etc.; por muitos anos estamos de certa forma relegados ao esquecimento, porém somos muito bem lembrados na hora da cobrança dos impostos e das eleições. Nossa participação no governo e na assembléia estadual são ínfimos; é fato que somos minoria, mas nossa constituição ampara e dá voz a todas as minorias, e somadas estas minorias de todos estes municípios, formamos uma região com um peso importantíssimo para o estado.
    Acredito sinceramente que os maiores culpados pela nossa estagnação política e econômica são a nossa pouca consciência na escolha do voto, a falta de união da nossa gente e o escasso senso de coletividade do qual carecem nossos representantes; precisamos de líderes que compartilhem dos mesmos anseios e angústias pelos quais padecemos!
    Felizmente, nas últimas eleições, conseguimos com muita competência transgredir este marasmo elegendo Oswaldo Mochi Junior (PMDB) nosso representante na Assembléia Estadual, o que facilitou de certa forma a tramitação de discussões dos nossos problemas naquela casa. É necessário salutar que Mochi dispõe de grande influência junto ao governador, despachando muitas vezes de seu gabinete, como é costume dizer; é um competente parlamentar, excelente orador e organizado em suas estratégias, portanto, pode trazer algumas benesses à região, principalmente quando trata-se de uma maior agilidade advindas da desburocratização de empenhos e ganho em influências.
    O que eu não entendo é porquê ora bolas o PSB almeja lançar seu maior rival, Moacir Kohl, à Assembléia. É uma atitude que eu interpreto como ilógica e imatura, fruto de uma disputa irracional que os dois vêm travando no poder desde que romperam. Este cisma não faz bem à região, e é necessário que advertamos nossos líderes para que eles pensem num projeto maior para o nosso povo, e deixem de lado este litígio incoerente em pról de uma causa maior. Seria interessante termos dois representantes numa casa de leis estadual, porém seria fantástico que tivéssemos um representante na casa de leis federal, e outro na estadual e tanto o nome de Moacir, quanto o de Junior, mostraram-se de certa forma aptos, por suas boas  biografias, a pleitearem quaisquer destas vagas.
    Einstein já dizia que "o único homem que está isento de erros, é aquele que arrisca acertar". Clamemos por líderes que arrisquem a ir longe, para que descubram quão longe pode-se ir.
 
BlogBlogs.Com.Br diHITT - Notícias