26 fevereiro, 2010

Serra e Aécio: uma união para mudar o Brasil (manifesto)

 
Retirado do site: http://www.serra-aecio.com.br/site/index.php
 
O Brasil, definitivamente, deixou de ser um projeto com potencialidades e se transformou em uma nação referencial para todo o mundo. Embora ainda com fortes desequilíbrios e demandas sociais não atendidas, o país já conta com uma economia dinâmica e instituições democráticas estáveis. O povo brasileiro pode ousar mais e avançar em sua persistente aventura democrática.
     O ano de 2010 surge no cenário como mais um momento crucial para renovar esperanças, formular projetos, estabelecer parcerias políticas corajosas voltadas para construir novos modelos de crescimento econômico e de desenvolvimento. Em seu centro, as eleições presidenciais, que definirão os rumos do país em um mundo que experimenta grandes transformações e enfrenta ainda os impactos de uma crise econômica global.
     Os caminhos de um país continental como o Brasil devem ser traçados sem qualquer concessão ao maniqueísmo, ao espírito salvacionista, a acordos eleitorais espúrios e imediatistas. Devem se amparar em idéias e projetos reais, factíveis, democráticos, éticos, e se sustentar no espírito público.
     Nesse sentido,conclamamos os governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, a comporem uma chapa para disputar o próximo pleito presidencial. Em poucos momentos da história é possível unir duas lideranças ilibadas e representativas em torno de um projeto nacional democrático e progressista, vivemos um deles.
     Serra e Aécio, nos cargos públicos que ocuparam, e ao longo dos anos, deram demonstração de competência, vocação pública e de compromisso com mudanças. Para dirigir o Brasil não precisam apresentar credenciais, já estão prontos, pois são o resultado do que tem de melhor a experiência política nacional nos últimos 20 anos.
     Nenhuma opção política pessoal que possa envolver esses dois grandes homens públicos brasileiros é mais estratégica que um projeto presidencial para 2010. Projeto esse que ultrapassa os limites do próprio PSDB e já se coloca como representativo de amplos segmentos políticos e sociais da nação brasileira.
     Uma chapa Serra-Aécio significaria, antes de tudo, concretizar uma alternativa ao atual governo federal, que acertou ao dar curso a orientações que emanam de administrações próximas anteriores e fracassou ao não executar reformas agendadas e de grande alcance histórico como a política e a tributária. Seria sinalizar a toda a sociedade que um novo projeto ético na vida pública e na política é possível. Também simbolizaria a união de dois grandes estados - São Paulo e Minas Gerais - para a construção de um novo pacto federativo, reclamado pelas regiões e demais estados brasileiros. Ao mesmo tempo, alimentaria um grande esforço político e eleitoral de abrangência nacional, com reflexos positivos imediatos no processo de renovação dos governos estaduais e das representações nos diversos parlamentos republicanos.
     Uma grande janela está aberta para que as esperanças se reacendam no Brasil.
 

23 fevereiro, 2010

Dino Rocha - Gaivota Pantaneira

Vai, gaivota pantaneira
Revoando o rio Taquari
Vai mostrar pra quem nunca viu
Passarinhos cantando lado a lado às margens do rio

Vai, gaivota pantaneira
Cantando este Brasil colosso
Convidar a gente brasileira
Para conhecer o nosso Mato Grosso 

(versão original da declamação- 1973, por Zacarias Mourão)


21 fevereiro, 2010

A maravilhosa simplicidade da natureza

Hoje, dia 21 de fevereiro de 2010, acordei cedo, ansioso e de certa forma angustiado, tal qual um menino que vai de encontro ao seu primeiro dia de escola. O motivo? Um passeio inaugural no Rio Taquari, de Coxim, numa chalana recém-fabricada. O convite foi-me feito de última hora pelo seu Pedro, homem simples, tipicamente pantaneiro, de poucas palavras, extremamente gentil e com aquele olhar bondoso de gente que vive a natureza.
A saída estava marcada pras 9 horas, o que num domingo pantaneiro literalmente representam não menos do que 11. A bordo estava a família do seu Pedro, seus amigos e poucos primos/amigos meus. O sol mostrava-se fortemente presente, sob um céu de puro azul, marcando uma temperatura certamente não inferior a 40ºC.

"Definitivo, cabal, nunca há de ser este Rio Taquari. Cheio de furos pelos lados, torneiral – ele derrama e destramela à-toa.

Só com uma tromba d’água se engravida. E empacha, estoura, arromba. Carrega barrancos. Cria bocas enormes. Vaza por elas. Cava e recava novos leitos. E destampa adoidado...

Cavalo que desembesta, se empolga. Escouceia árdego de sol e cio. Esfrega o rosto na escória. E invade, em estendal imprevisível, as terras do Pantanal.

Depois se espraia amoroso, libidinoso animal de água, abraçando e cheirando a terra fêmea."
Descemos mansamente, curtindo a brisa e a companhia de tudo que mais belo há neste mundo: a natureza, a paz que ela humildemente oferece e os amigos. Ao som de Almir Sater, contemplávamos casais de araras voando, bravos quero-queros defensores de ninhos, piaus pulando, capivaras nadando, e uma chalana, navegando através dos serpenteamentos do Taquari de Coxim.

10km rio abaixo, atracamos numa prainha, onde pudemos interagir com o rio banhando-nos em suas águas límpidas e mornas... um verdadeiro batismo de vida! Quem quisesse, poderia aventurar-se através de um esqui ou de um passeio individual numa mini-lancha. Confesso que a pujança, o esplendor e a grandeza do Pantanal fizeram com que eu sentisse-me pequeno, fútil e pobre. Não há energia que se equipare. "Natureza é uma força que inunda como os desertos. Você tenta descobrir na alma alguma coisa mais profunda do que não saber nada sobre as coisas profundas. Consegui não descobrir."

O ponteiro do relógio, mesmo findado o horário de verão, voou, e um fim de dia coloriu os horizontes pantaneiros como um canto de nobreza. "Eu via a natureza como quem a veste. Eu me fechava com espumas". Eu vi meu mundo, desnudei meus desejos e sonhos, e tive ainda mais a certeza de que o que eu quero é viver nessa veia d'água pantaneira, tê-la misturada à minha alma e ao meu sangue, para um dia ser legitimamente, um PANTANEIRO.

*Citações poéticas de Manoel de Barros

18 fevereiro, 2010

Wilson Martins conclui livro de memórias

Fonte: Edivaldo Bitencourt - ALMS

O ex-governador Wilson Martins (PMDB) está mandando editar e deve lançar em abril livro de suas memórias. Com bagagem histórica fenomenal, o fundador e primeiro presidente da OAB-MS e primeiro governador eleito de MS pós-regime militar tem muita história para contar.

Wilson Barbosa Martins ex-governador Com 90 anos de idade e vasta experiência política, acumulada como ex-prefeito de Campo Grande, duas vezes governador do Estado, deputado federal e senador da República, o advogado Wilson Barbosa Martins (PMDB), prepara a publicação do livro de memórias. Dividida em 12 capitulos e com aproximadamente 250 páginas, a obra deverá retratar episódios importantes da história da Capital, de Mato Grosso do Sul e do Brasil.
A participação política começou na faculdade de Direito no Largo São Francisco, em São Paulo, na década de 30. Na época, Drº Wilson - como ficou conhecido - teve como calouro ninguém menos que Ulisses Guimarães, que mais tarde foi companheiro na elaboração e promulgação da Constituinte de 1988, conhecida como Carta Cidadã. Na época, Martins já se posicionava contra o Estado Novo, a ditadura comandada por Getúlio Vargas (PTB).
"Sempre fui contra a ditadura", declarou Wilson Martins, ao relembrar que o fim da era Vargas marcou o seu ingresso na política em Campo Grande, onde ajudou a fundar a UDN. Por este partido, ele disputou, pela primeira vez, o cargo de prefeito de Campo Grande, que perdeu para Ari Coelho (PTB), assassinado dois anos depois em uma briga em Cuiabá, então capital do Mato Grosso uno.
Após ocupar o cargo de secretário-geral na gestão do prefeito Fernando Corrrêa da Costa, acabou se elegendo prefeito de Campo Grande em 1958. Esta gestão foi marcada pela reforma administrativa, organização do cadastro imobiliário e da cobrança dos tributos e na implantação da previdência social.
Resultado do êxito administrativo, Wilson Martins foi eleito deputado federal. Em Brasília, participou da crise causada pela renúncia do cargo de presidente da República por Jânio Quadros. "Foi um grave erro político", considerou. Como da ala reformista do UDN, conhecida como turma da Bossa Nova, acompanhou o debate em torno das reformas propostas por João Goulart, o Jango. "Ele era acusado de ser aliado dos comunistas", relembrou, durante entrevista concedida para o site e à TV Assembléia.
Cinco anos após a queda de Jango e do golpe militar, Wilson Martins foi cassado pelos militares e obrigado a se afastar da vida política. Durante os anos de chumbo, ele dedicou-se à advocacia em Campo Grande. Só retornou à política no final dos anos 70, quando foi criado o Estado de Mato Grosso do Sul.
VOTO DIRETO - Favorito na disputa do Governo do Estado, que realizaria eleições diretas em 1982, Plínio Barbosa Martins não aceitou ser o candidato da oposição, o MDB. Sem alternativas, o partido recorreu ao Wilson Barbosa Martins, irmão de Plínio. Ele acabou sucedendo no Governo o engenheiro Pedro Pedrossian, que tinha apoiado José Elias Moreira. "O Pedrossian é homem que gasta tudo o que tem, o que não tem e ainda deixa obras por fazer", definiu um adversário histórico, que acabou sucedendo em duas ocasiões.
Primeiro governador eleito pelo voto direto em Mato Grosso do Sul, Wilson Martins realizou uma gestão memorável. Pavimentou 2,5 mil quilômetros de rodovias, incluindo as estradas federais, como a BR-262, entre Três Lagoas e Corumbá, e a BR-163, entre Dourados e a divisa com o Paraná. Resultado do bom trânsito com o ministro Delfim Neto na época, obteve recursos federais para realizar projetos e implementar uma boa política salarial para o funcionalismo público estadual.
O SENADO - Em 1986 deixou o Governo para se candidatar ao Senado da República. Neste perído, participou ativamente da elaboração da Constituinte ao lado dos amigos Ulisses Guimarães e Mário Covas. Estima que apresentou 100 emendas.
SEGUNDO MANDATO - A maior frustração de Wilson Martins foi o segundo mandato como governador de Mato Grosso do Sul, de 1995-98. Herdou de Pedrossian uma gestão sem recursos, com dezenas de obras paradas, como o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, o Parque das Nações Indígenas, a Rodoviária de Campo Grande, o Parque do Produtor, entre outros. "Foi um Governo marcado por crises", admitiu.
Neste período, Wilson Martins comandou duas grandes operações com impacto até hoje em Mato Grosso do Sul. A primeira foi a renegociação da dívida do Estado com a União, incluindo o item que destina 17% da receita para o pagamento e amortização deste débito. "As normas eram uniformes. (As regras) da amortização eram as mesmas", destacou, sobre o período da negociação com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
A segunda operação foi a venda da Empresa Energética de Mato Grosso do Sul (Enersul). Justificou que esta era a linha adotada pelo presidente tucano, transferir as empresas públicas para a iniciativa privada. "A Enersul era uma empresa forte, bem arrumada", contou Martins. Ele disse que os recursos obtidos com a transação, em torno de R$ 700 milhões, foram usados para pagar os salários dos servidores públicos e dívidas do Estado de Mato Grosso do Sul.
Contudo, mesmo com o recurso extra, terminou o Governo sem quitar os salários dos servidores públicos estaduais. Contou que só não teve a Governadoria ocupada pelos funcionários, como ocorreu na gestão de Marcelo Miranda, porque usou a autoridade para evitar a invasão.
PAC - Para Wilson Martins, que sonha em concluir o livro de memórias neste ano, o prefeito Nelson Trad Filho e o governador André Puccinelli, ambos do PMDB, estão corretos em aderir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Não é hora de brigar", afirmou, destacando o potencial do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) é grande para alavancar o desenvolvimento do País.
Sobre Campo Grande, município onde nasceu em 21 de junho de 1917, na Fazenda Vacaria, avalia que está de bom tamanho. Só precisando de mais indústrias para atender a demanda por emprego. Acha que o máximo que a Capital deveria chegar é 800 mil habitantes, para manter este clima bucólico do interior, com as ofertas dos serviços de uma cidade grande.

Na mídia: Folha de São Paulo

Petistas mistificam dados e ignoram passado

Lula e Dilma dão ênfase a quantidades, em detrimento de pertinência e relevância

De Gustavo Patu:

"E pasmem, para uma coisa que é importante: eu, torneiro mecânico, já sou o presidente da República que mais fez universidades neste país", anunciou o presidente Lula, na semana passada, em Teófilo Otoni (MG), como já havia feito, só neste ano, em Bacabeira (MA), São Leopoldo (RS), Araçuaí (MG), no Fórum Social de Porto Alegre e em Brasília.

Se não se trata de uma mentira em busca de ser verdade à custa de tanta repetição, é um exemplo sintomático do tipo de comparação de feitos que o PT parece querer imprimir à campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff: que dá ênfase a quantidades, em detrimento da pertinência, recorre a números de consistência ou relevância duvidosa e, principalmente, ignora as contribuições do processo histórico.

Das 13 universidades contabilizadas pelo Planalto como obra sua, 9 são mero resultado de fusão, desmembramento ou ampliação de instituições federais de ensino superior inauguradas por outros presidentes -que, em sua época, também se valeram de estruturas preexistentes mantidas por Estados, municípios e empresas privadas.

A se levar a sério o levantamento do Ministério da Educação que sustenta a propaganda oficial, Juscelino Kubitschek supera o ritmo de Lula, com dez universidades em cinco anos de mandato. Até o arquirrival FHC, já acusado pelo petista de não ter criado nenhuma, conta com seis no documento.

A retórica de campanha deixa de lado dados e argumentos para defender a necessidade de mais universidades ou demonstrar seus efeitos na produção acadêmica nacional. A inauguração de instituições é apresentada com um fim em si mesma e evidência de uma nova era. "Tudo o que a gente puder fazer pela educação ainda é pouco diante da quantidade de anos em que nós não fizemos nada", nas palavras de Lula.

Sem a mesma verve do presidente, a ministra da Casa Civil se vale de um tom bem mais tecnocrático. "Até 2003 tinham sido construídas no Brasil 140 escolas técnicas profissionalizantes, e só no governo Lula já foram feitas 140, com a previsão de construção de mais 74. É esse tipo de comparação a que me refiro".

Tanto detalhamento está longe de significar precisão. As escolas federais criadas até 2009 foram pouco mais da metade do anunciado -e o número de matrículas, no período, cresceu apenas 20%, bem abaixo dos 45% na rede estadual.

Mais importante, omite-se que, na divisão consagrada de tarefas entre os entes federativos, o ensino profissionalizante cabe preferencialmente aos Estados, onde estão 30% dos alunos, o triplo do bolo federal, enquanto 55% das matrículas estão no setor privado. A ampliação da participação direta da União não é consensual entre os especialistas.

Combinação de preferência ideológica e conveniência eleitoral, todas as realizações reais e imaginárias citadas nos palanques petistas convergem para a apologia do papel do Estado e do gasto público, numa estratégia já empregada com sucesso no pleito de quatro anos atrás. Na época, o neoliberalismo, embora adotado com convicção pela primeira equipe econômica petista, foi o vilão escolhido.

Lula e Dilma, indiscutivelmente, respondem hoje por despesas recordes na área social -porque seu governo deu prioridade ao setor, mas também porque a Constituição de 1988 tornou obrigatórios gastos crescentes com previdência, saúde e assistência social, que se tornaram explícitos quando o Plano Real controlou a inflação.

Não satisfeitos, o presidente e a candidata tentam faturar até a principal frustração do segundo mandato: a tentativa malsucedida de, a partir de obras públicas listadas no PAC, elevar a taxa de investimento do país à casa de 20% do Produto Interno Bruto -no terceiro trimestre do ano passado, dado mais atualizado, a taxa estava em 17,7%, abaixo do patamar de 2007.

"Nos últimos 30 anos, se juntar tudo o que os presidentes da República investiram em saneamento básico, não chega à metade do que nós estamos investindo hoje", discursou Lula no último dia 3. Por sorte ou cálculo, o horizonte temporal mencionado deixou de fora os gastos incomparavelmente mais altos realizados pela ditadura militar na década de 70.

Mas, menos de um mês antes, o ministro Carlos Lupi (Trabalho), já havia anunciado que, de R$ 7,6 bilhões em recursos do FGTS programados para o setor, apenas R$ 1 bilhão havia sido efetivamente contratado em 2009. Tudo somado, ainda não foi superado o investimento de 0,23% do PIB de 2001.

17 fevereiro, 2010

Sem medo do passado, por Fernando Henrique Cardoso



O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês...). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.

Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados... O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal. Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado. Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.

Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010. “Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”.

O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.

É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.
 
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